Turilândia vive um dos capítulos mais graves de sua história política. Em meio a uma crise institucional sem precedentes, o município passou a ser comandado interinamente pelo presidente da Câmara de Vereadores, José Luís Araújo Diniz, o “Pelego” (União Brasil), que, apesar de investigado por corrupção, cumpre prisão domiciliar no âmbito da Operação Tântalo II.
A ascensão de Pelego ao comando do Executivo ocorre por força de decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), que afastou do cargo o prefeito eleito Paulo Curió (União) e a vice-prefeita Tânya Mendes (PRD), ambos impedidos de exercer qualquer função no Poder Executivo. A nova linha sucessória foi formalizada por meio de portaria publicada nesta sexta-feira (26).
Com a saída do presidente da Câmara para assumir a Prefeitura, a vice-presidente da Casa, vereadora Inailce Nogueira Lopes, assumiu interinamente a presidência do Legislativo, aprofundando o cenário de instabilidade política e administrativa.
*Poderes sob suspeita*
O que deveria ser uma solução emergencial para evitar o colapso institucional expõe, na prática, o grau de comprometimento das estruturas de poder em Turilândia. O prefeito, a primeira-dama e a vice-prefeita seguem presos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, enquanto o chefe interino do Executivo governa sob prisão domiciliar, autorizado pela Justiça apenas a sair de casa para participar de sessões legislativas previamente agendadas.
Além de Pelego, outros cinco vereadores também tiveram a prisão convertida para o regime domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. Segundo o Ministério Público do Maranhão (MPMA), a medida foi adotada não por benevolência, mas por absoluta necessidade, já que a paralisação do Legislativo agravaria ainda mais o colapso administrativo do município.
*Organização criminosa e rombo milionário*
As investigações conduzidas pelo GAECO revelam um quadro alarmante: uma organização criminosa estruturada teria se instalado no coração da administração pública de Turilândia, operando de forma hierarquizada e sistemática. O grupo é suspeito de desviar cerca de R$ 56 milhões dos cofres públicos, sobretudo das áreas mais sensíveis — Saúde e Assistência Social — utilizando empresas de fachada para simular serviços inexistentes.
Ao todo, 21 mandados de prisão foram expedidos contra agentes políticos, servidores públicos e empresários. A Operação Tântalo II é desdobramento de uma fase anterior, deflagrada em fevereiro, que já apontava um esquema robusto de fraudes em licitações e desvios de recursos públicos.
*Cidade abandonada*
Enquanto autoridades se revezam entre celas, tornozeleiras eletrônicas e gabinetes improvisados, a população de Turilândia amarga os efeitos diretos da corrupção: serviços públicos sucateados, unidades de saúde precarizadas, programas sociais comprometidos e a completa perda de confiança nas instituições.
Turilândia não vive apenas uma crise política. Vive um colapso moral e administrativo, que exige respostas firmes do Judiciário, do Ministério Público e dos órgãos de controle.
Governar uma cidade sob investigação criminal não é normal — é o retrato do quanto a corrupção corroeu o poder público local.

